terça-feira, 6 de setembro de 2011

Eu sei que vou te AMAR!!!

Com muitas de minhas teorias aprendi a observar as ocorrências no plantão policial. Presenciei milhares de brigas entre casais, namorados, noivos. Cada discussão, cada baixaria, cada choro, foi para mim um aprendizado fantástico. No ano que vem, espero ter terminado um livro mostrando o porque da dificuldade das pessoas em se relacionar e a maneira como devemos enxergar um relacionamento a dois, para que possa florescer e não adoecer.

Gostaria de fazer algumas considerações a respeito: Ao deixarmos o ventre materno ganhamos um presente de Deus: a liberdade. Quando estamos sozinhos podemos fazer o que bem quiser, ir a qualquer lugar, pois somos proprietários 100% de nossa liberdade. Chega um momento na vida que encontramos uma "pessoa especial" e assim iniciamos um relacionamento amoroso. Os dias vão se passando, a relação vai pegando força e aos poucos vamos cedendo um pouco da nossa liberdade. Entendo que esse envolvimento, essa troca, não deve exceder os seus 50% de liberdade. Observe que fazemos a doação de 50% , mas ainda ficamos com a outra metade de nossa liberdade e isso é fundamental. A conclusão que cheguei é que muitas pessoas desejam possuir os 100% de liberdade do parceiro e aí começam os problemas. Ninguém é dono de ninguém. Ninguém pode mandar na vida de outra pessoa. A palavra chave é respeito ao outro, que tem vida própria e não pode se sentir sufocado.

Se o seu parceiro (a) gosta de praticar algum tipo de esporte, jamais obstrua essa vontade: incentive-o (a). Se o seu parceiro (a) tem o habito de ler livros, deixe-o (a) em paz por alguns momentos, pois ele (a) vai adorar. Não interfira nas amizades do companheiro (a), pois ele (a) precisa conversar com outras pessoas também. Cada um deve ter o seu espaço em uma relação. No momento em que voce invade a privacidade do outro, começam a surgir os problemas, os ciúmes, a incompreensão, as brigas e com isso a outra parte, vai pegando de volta os 50% de liberdade que havia doado até acabar o relacionamento.

Amor é um sentimento a ser aprendido, a ser conquistado. É tensão e satisfação. É alegria e dor. Um não existe sem o outro. A felicidade é uma parte integrante do amor. Isto é que deve ser aprendido. O sofrimento pertence ao amor. Este é o grande mistério do amor; a sua própria beleza e o seu próprio fardo. Em todo o esforço que se realiza para o aprendizado do amor é preciso considerar sempre a doação e o sacrifício, ao lado da satisfação e da alegria. A pessoa terá sempre que abdicar de algumas coisas para possuir outras. É como plantar uma árvore em frente a uma janela. Ganha sombra, mas perde uma parte da paisagem. É preciso considerar tudo isso quando nos dispomos a enfrentar o aprendizado do amor. Muitas pessoas irão entrar e sair da sua vida, mas somente algumas deixarão pegadas no seu coração, pois souberam dividir e não subtrair.

A vida me ensinou que devemos aprender com os erros dos outros, pois não vivemos tempo suficiente para cometer todos os erros. Encontrar a felicidade não depende só do caminho que escolhemos, mas da maneira que seguimos.

O Mestre Indiano Osho disse: "Dar amor é a experiência real, no próprio sentido da palavra, porque assim você se comporta como um imperador. Implorar amor é uma experiência de mendigo. Não aja como um mendigo, seja sempre um imperador".

Um desconhecido escreveu num muro a seguinte frase:"Se amas alguém deixe-o em liberdade. Se ele voltar foi porque precisou. Se ele não voltar é porque desejou".

O comediante Groucho Marx também tentou explicar o amor: "Eu acredito que o amor verdadeiro só aparece quando o fogo inicial da paixão diminui e as brasas ficam ali ardentes. Isso é amor. Esse tipo de relação só conhece o sexo de vista e lembrança. Suas partes componentes são a paciência, o perdão, o entendimento mútuo e uma grande tolerância pelas falas do outro. A paixão é um truque. É uma pena que, justamente quando duas pessoas se encontram sob a influência da mais violenta, insana e ilusória das paixões, sempre parece alguém exigindo que permaneçam continuamente nesta condição excitada, anormal e exaustiva, até que a morte os separe."

Acabo essa crônica, com uma lágrima na face , torcendo para que as pessoas tenham mais compreensão do amor e da felicidade.

Dr. Jorge Lordello

sábado, 3 de setembro de 2011

O que levaremos desse mundo?

Uma lenda muita antiga relata que havia um Rei no Oriente Médio que tinha 4 esposas. A 4º esposa, ou seja, a última com quem havia casado, por ser a mais jovem, o Rei a amava demais. Ela exigia presentes caros, lindas jóias e roupas finas e o Rei dava-lhe tudo sem hesitar. Ele também gostava muito de sua 3º esposa e tinha prazer em exibi-la aos reinados vizinhos. Contudo, ele tinha medo que um dia, ela o deixasse por outro Rei, pois não tinha plena confiança nela. O Rei também admirava sua 2º esposa que sempre foi amável e paciente com ele. A primeira esposa lhe dera 3 filhos e sempre que o Rei tinha que enfrentar um problema, ele confiava nela, para atravessar tempos de dificuldade. A 1º esposa era a mais velha, mas a mais dedicada. Ela fazia tudo que estava ao seu alcance, mas o Rei não a amava mais e mal tomava conhecimento dela. Só a procurava em tempos difíceis.

Certo dia, o Rei ficou extremamente doente e pressentiu que a morte poderia chegar a qualquer instante. Ele pensou em toda as suas mulheres e ponderou: "Hoje, tenho 4 esposas, mas quando morrer, ficarei sozinho e desamparado". Imediatamente chamou a 4º esposa e disse: "Eu te amei tanto querida e te cobri das mais finas roupas e jóias. Demonstrei com presentes o quanto eu te amava, cuidando bem de você... agora que eu estou morrendo... você é capaz de morrer comigo, para não me deixar sozinho?". A bela jovem respondeu: "De jeito nenhum eu tenho mais o que fazer" e saiu do quarto do enfermo sem sequer olhar para trás. A resposta que ela deu cortou o coração do Rei como se fosse uma faca afiada. Triste, o enfermo então chamou a 3º esposa: "Eu sempre te amei e realizei todos os seus desejos. Agora que estou morrendo, você é capaz de morrer comigo, para não me deixar sozinho?". A 3º esposa retrucou sem hesitar: "Jamais eu morreria por você. A vida é boa demais! Quando você se for, eu vou é casar de novo, pois já tenho pretendente". O coração do Rei sangrou e gelou de tanta dor. Ato contínuo chamou à 2º esposa e indagou: "Você sempre esteve ao meu lado me fazendo companhia. Quando eu morrer... você será capaz de morrer comigo, para me fazer companhia?". Com olhar de piedade a segunda esposa disse: "Sempre estive ao seu lado e te respeitei muito, mas o máximo que posso fazer é enterrar você". Essa resposta veio como um trovão na cabeça do Rei que começou a chorar. Repentinamente uma voz se fez ouvir no canto do quarto: "Eu partirei com você e o seguirei para onde você for meu amor". O Rei levantou os olhos e lá estava sua primeira esposa com rugas que marcavam sua face em razão do desprezo do marido. Ela estava magra, mal vestida e com ar sofrido. Com o coração partido o Rei falou: "Eu deveria ter cuidado muito melhor de você, enquanto eu podia...".

Creio que o amigo leitor deva ter suspirado um pouco ao ler esse relato. Agora, peco que reflita sobre as colocações a seguir. Todos nós temos 4 esposas na vida. A 4º esposa é o nosso corpo. Apesar de todos os esforços que fazemos para mantê-lo saudável e bonito ele nos deixará, quando morrermos. Nossa 3º esposa são as nossas posses, as nossas propriedades, a nossa riqueza. Quando morremos, tudo isso vai para os outros e as vezes gera brigas e separações na família. Nossa segunda esposa são nossa família e nossos amigos. Apesar de nos amarem muito e estarem sempre nos apoiando, o máximo que eles podem fazer, é nos enterrar. Por último, vem a nossa primeira esposa que é a nossa ALMA, muitas vezes deixada de lado em troca da busca desenfreada pela riqueza, poder, cobiça inveja... Apesar de tudo, nossa ALMA é a única coisa que irá conosco, não importa para onde formos. Durante uma festa em uma fazenda o dono bradou: "Toda a terra que seus olhos podem ver são de minha propriedade. Esses 4 rapazes que estão ao meu lado são meus filhos". Um sábio ouviu tal declaração e pensou: "Pobre homem, que não entende que nem de si mesmo ele é dono. Na verdade, jamais possuímos as coisas. Apenas a retemos por algum tempo. Se somos incapazes de nos desfazermos delas, somos dominados por elas. Seja o que for que valorizemos, deve ser conservado na palma da mão, como conservamos a água. A pessoa que tem como meta acumular coisas é porque esta com o coração vazio". Espiritualidade não é saber o que se quer, mas sim entender do que não se precisa. Aqueles que estão contentes com pouco, são ricos como reis. O próprio rei é um mendigo, quando seu reino não lhe basta. Na verdade, amigo leitor, a mente humana faz tolas divisões naquilo que o amor vê como um todo.

Autor: Jorge Lordello

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Você me fez feliz...




"...Sei exatamente o que quero fazer daqui a 10 anos, mas não sei que roupa vou colocar amanhã. Não lembro o que comi ontem, mas lembro exatamente de cada palavra de carinho que já ouvi. Sinto saudade do que não tive, sinto falta até mesmo de quem esta perto de mim. Posso amar sem ser notado, posso morrer de ciúmes e mesmo assim conseguir sorrir, posso esquecer quem me deixou triste; mas não esqueço jamais de quem me fez feliz."

quinta-feira, 1 de setembro de 2011



Adiamento...


Depois de amanhã, sim, só depois de amanhã...
Levarei amanhã a pensar em depois de amanhã,
E assim será possível; mas hoje não...
Não, hoje nada; hoje não posso.
A persistência confusa da minha subjetividade objetiva,
O sono da minha vida real, intercalado,
O cansaço antecipado e infinito,
Um cansaço de mundos para apanhar um elétrico...
Esta espécie de alma...
Só depois de amanhã...
Hoje quero preparar-me,
Quero preparar-rne para pensar amanhã no dia seguinte...
Ele é que é decisivo.
Tenho já o plano traçado; mas não, hoje não traço planos...
Amanhã é o dia dos planos.
Amanhã sentar-me-ei à secretária para conquistar o mundo;
Mas só conquistarei o mundo depois de amanhã...
Tenho vontade de chorar,
Tenho vontade de chorar muito de repente, de dentro...

Não, não queiram saber mais nada, é segredo, não digo.
Só depois de amanhã...
Quando era criança o circo de domingo divertia-rne toda a semana.
Hoje só me diverte o circo de domingo de toda a semana da minha infância...
Depois de amanhã serei outro,
A minha vida triunfar-se-á,
Todas as minhas qualidades reais de inteligente, lido e prático
Serão convocadas por um edital...
Mas por um edital de amanhã...
Hoje quero dormir, redigirei amanhã...
Por hoje, qual é o espetáculo que me repetiria a infância?
Mesmo para eu comprar os bilhetes amanhã,
Que depois de amanhã é que está bem o espetáculo...
Antes, não...
Depois de amanhã terei a pose pública que amanhã estudarei. Depois de amanhã serei finalmente o que hoje não posso nunca ser.
Só depois de amanhã...
Tenho sono como o frio de um cão vadio.
Tenho muito sono.
Amanhã te direi as palavras, ou depois de amanhã...
Sim, talvez só depois de amanhã...

O porvir...
Sim, o porvir...

Adiamento - Fernando Pessoa

Distância


Distância não é ausência
Distância não é estar distante
Distância não é saudade
Distância não é tristeza nem angústia
Distância é um conceito geográfico de espaço que separa fisicamente as pessoas.
Apenas isso.
A distância anula-se com um abraço
Com a ternura
Com o carinho
A distância desaparece com o gesto, com a intenção
A distância separa corpos mas não separa corações
Não descura o sentimento
Não alimenta o desespero
Não há longe nem distância, quando se quer amar,
Quando os limites não limitam os sentidos e os sentimentos.