terça-feira, 27 de março de 2012

Bicho-papão

-Ouvi falar muitas coisas dos tratamentos para cura do câncer, coisas que no inicio de deixaram nervosa e com medo. Saí de casa pra minha primeira consulta com Dr. Jean, convicta de que eu iria perder meus cabelos, sentir enjoos, diarreia,falta de apetite, etc(coisa que não aconteceu) mais o principal e o mais importante seria fazer o tratamento para conseguir minha cura, o resto é consequência.

-Chegando ao consultório, meu oncologista me explicou como seria a medicação, verificou meu peso e altura, e disse quais reações eu poderia vim a sentir, e que a única coisa que não iria acontecer seria a perda de cabelo. Chorei muito ao ouvir essas palavras “SEUS CABELOS NÃO VÃO CAIR”, por que você está chorando Neidja? Respondi sem pensar, pra minha irmã, porque não vou ficar sem cabelo. Na verdade em todo meu tratamento realmente nunca fiquei careca, mais após iniciar meu ciclo de quimioterapia, estava eu tomando banho e resolvi lavar minha cabeça, tô eu lá passando champool feliz da vida, mais quando fui pro chuveiro levei o maior susto. Quando a água bateu em mim foi cabelo com força em cima de mim, no chão, em minhas mãos, fiquei desesperada com aquela situação, fiquei triste. Depois essa queda parou, segundo o médico deveria ser por conta da situação que eu passei no Cti.

-Foram vários ciclos de quimioterapia, o primeiro eu fazia toda semana. Uma sala com algumas cadeiras do papai, apenas uma televisão, e um banheiro para homens e mulheres ( pelo SUS não tinha muito luxo não), legal né? Ouvi muitas historias de outros pacientes, geralmente historia triste...então...eu colocava meu velho fone de ouvido e ficava ouvindo música, para não absorver pensamentos ruins. Nessa fase o psicológico conta muiiito!!! Da segunda quimioterapia em diante, já com a cobertura de meu plano de saúde eu ficava internada três dias, deitada e ligada a uma máquina chamada bomba de infusão, (era a única hora em que eu me sentia doente) ela serve para controlar o gotejamento da medicação no organismo e que só me permitia ir ao banheiro e voltar. Já na terceira vez que fiz quimio, a coisa melhorou um pouco, a clinica de meu médico tinha ficado pronta e eu iria continuar meu tratamento lá. Achei ótimo, eu precisava dá um tempo no Laureano, ficar um pouco longe de tudo aquilo, lá você houve muita coisa, vê muita coisa. Coisas que ao longo de várias anos de convivência ali, começavam a me desestabilizar.

-Na clinica tudo era diferente, só em não está em um ambiente hospitalar, tudo já melhorava. Outra coisa que me ajudou muito, foi poder tomar quimioterapia em casa, eu voltava pra clinica só pra retirada da medicação em meu cateter. Lá fiz ótimas amizades, as meninas da recepção bem como as enfermeiras, todas com um carinho enorme por mim. Obrigado Karina, Verônica, Erika e Marilia, vocês são ótimas!!!!

-Agora estou fazendo radioterapia, ouvi coisas terríveis desse tratamento, mais tem sido muito tranquilo. Tirando também o fato de ser uma coisa nova, contato com atendentes novas...isso implica dizer que lá vai eu explicar tudo de novo e responder as mesmas perguntas...você vai ficar com colostomia definitiva? Deve ser ruim não é? Que saco!! Bonito não é, mais vou fazer o que? Então vamos lá de volta a radioterapia. Deito na cama levantam meu vestido, calcinha baixada, câmeras te filmando pelada (outra coisa que me deixa com muita vergonha) e a radio começa. Cindo minutos apenas, rápido não é? Eu imaginava uma coisa de outro mundo...tipo...sair um raio da máquina que me queimava, mais não, é um processo totalmente tranquilo e indolor. Todos os meus procedimentos foram grandes, cirurgias enormes, dores, infecções, e ainda tinha os exames que eu costumo falar assim...só aparece exame chuchu pra eu fazer...kkkk...como tomografias, ressonância, colonoscopia, e tantos outros bem constrangedores. Serão 28 sessões diárias de radio, hoje fiz a quarta, e vamos que vamos. Não reclamo, apenas faço a minha parte, e o resto deixo nas mãos de Deus. Há! o bicho-papão da quimioterapia e radioterapia não são tão terríveis assim, digamos que seja um bicho não tão grande mais necessário para eu atingir minha tão esperada cura. Se eu tenho medo? Logico que sim! Sou humana não é? Só não deixo esse medo tomar conta de mim.

Neidja Maria

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