quinta-feira, 26 de abril de 2012

Cirurgias I

Vou falar de uma forma resumida a minha trajetória de cirurgias. Depois de passar por algumas experiências, eu mudei meus valores e minha forma de pensar sobre muita coisa. Mais, vamos lá!

-PRIMEIRA CIRURGIA.

-Foi tudo muito rápido, em um dia eu estava bem, e em outro do nada acordei vomitando e com muitas dores na barriga. Fui levada ao hospital, operada com um quadro de septicemia (infecção grave) que quase me levou a morte. Tive parada cardíaca, e respiratória, usando bolsa de colostomia (veja o texto sobre ostomia). Fiquei dias sem poder tomar água, meu médico tinha proibido porque caso meu estado de saúde piorasse, eu teria de ser operada novamente. Então água era um luxo que eu não poderia ter na U.T.I. Quando meus amigos ou familiares vinham pra me visitar, eu tentava convence-los pedindo que me dessem água, mais o máximo que eu consegui foi fazer com molhassem um algodão e passasse em meus lábios que estavam secos por conta do oxigênio. Então eu aproveitava a oportunidade e chupava o algodão, naquele momento qualquer gota de liquido que entrasse em minha boca me satisfazia (hoje dou valor a cada copo de água de que tomo).

-No total de quinze dias de internação, fui pra casa, sem muita chance de recuperação e muito menos de conseguir fazer o tratamento de quimioterapia. Graças a Deus que em casa eu fui me recuperando dia após dia, a voz foi voltando, meu peso voltou ao que eu tinha antes dessa cirurgia (durante esses quinze dias de internação eu perdi 10 kg), e consegui fazer meu tratamento de quimioterapia por completo. Esperei um tempo para fazer novos exames e assim que recebi o resultado mostrando que estava tudo em ordem comigo, marquei a segunda cirurgia para reconstruir trajeto de meu intestino.

-SEGUNDA CIRURGIA.

-Como meu plano de saúde ainda não cobria alguns procedimentos, foi tudo feito pelo SUS. Fui internada um dia antes da cirurgia para fazer a lavagem de intestino, minha irmã ficou comigo até me levarem ao quarto, eu iria ficar sozinha, e só tive direito a acompanhante no dia seguinte depois que eu fosse operada. Então ela se despediu de mim, fiquei com o coração apertado, não queria ficar só, mais fazer o que não é?!

-No dia seguinte bem cedo fui levada a sala de cirurgia, eu estava nervosa, mais contente porque depois disso minha vida voltaria ao normal. Três horas e meia depois, eu estava de volta ao quarto, ainda um pouco sonolenta, mais eu estava bem. O médico que fez a cirurgia (prefiro não falar o nome) mais que era o bam bam em cirurgias de intestino, simplesmente me esqueceu, não me falou quantos dias eu iria ficar ali e nem quanto tempo eu iria ficar sem comer (para não prejudicar a cicatrização do intestino). Os dias foram se passando, e nada era liberado pra mim, comecei a ficar com dor de cabeça de tanta fome, estressada e sem paciência nenhuma...DETALHE...eu dividia o quarto com mais duas senhoras, onde uma queria vê programas religiosos outra queria dormir com a janela aberta, um único banheiro para pacientes de acompanhantes, e eu no meio disso tudo sem noticias do médico.

-Foram oito dias no total internada, e minha saída do hospital foi um pouco complicada. O abençoado do médico me falou que passaria para liberar minha ida pra casa ás sete horas da manhã. Acordei cedo, arrumei minhas coisas, e nada dele aparecer. Liguei várias vezes no celular dele, e nada, e no posto de enfermagem a resposta era que ele estava chegando. Nesse negocio ele só veio aparecer pela parte da tarde e cheio de direito, veio me gritando e me ofendendo e disse na minha cara que ele operava por obrigação. Gente quando ele me disse isso, o sangue subiu na cabeça e tive uma briga com ele terrível, respondi como ele merecia. Foi horrível, sai do hospital me sentindo péssima, a falta de respeito dele foi grande, o hospital inteiro ficou sabendo dessa briga e depois fiquei sabendo que ele foi chamado atenção pelo diretor do hospital. Nem voltei pra ele pra retirar meus pontos cirúrgicos, tenho uma prima que é enfermeira (Kamyla) contei tudo que tinha acontecido e ela veio com o maior carinho, mesmo depois de um plantão noturno, cansada, e retirou todos os pontos...OBRIGADA PRIMA!!!

-Procuro ser educada com todos, trato todo mundo bem, por isso não fiquei calada diante de uma pessoa que se achava o máximo, ninguém é melhor que ninguém, muito menos essa criatura que achava que eu era como alguns pacientes, que vem do interior do estado, para serem atendidos pelo SUS,e são maltratados por gente como esse médico, e ficam calados. Vez ou outra eu encontro com ele em consultórios, faço de contas que ele não existe. Mais, eu tenho certeza que ele nunca mais vai tratar outra pessoa como ele me tratou.


RESPEITO A CIMA DE TUDO, HUMANIZAÇÃO A CIMA DE TUDO.

Neidja Maria

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